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Cega "de nascença", vilhenense escreve carta emocionante para o cantor Wesley Safadão, que fará show na cidade em maio

Data de Publicação: 23 de janeiro de 2023 11:53:00

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Em entrevista por telefone, na manhã deste sábado, 21, a pedagoga Alessandra Martins do Carmo, após ter acesso a uma emocionante carta escrita por ela, no ano passado, para o cantor Wesley Safadão. Na correspondência para o artista, que tem show marcado em Vilhena no dia 12 de maio, Alessandra, que nasceu cega, conta detalhes de suas lutas e revela o quanto o ídolo musical a ajudou a superar os problemas que enfrentava.

Ao site, a educadora de 30 anos, que pretende atuar no segmento para ajudar outras pessoas através de sua experiência, conta que chegou a ouvir rumores de que teria perdido a visão por causa de uma tentativa de aborto feita pela mãe. "Isso me machucou muito", desabafa. Abandonada pela mãe biológica aos três meses e criada pela avo paterna, morta há três anos, Alesssandra hoje mora sozinha no bairro Alto Alegre, e diz que usa a tecnologia para vencer as limitações.

As redes sociais, por exemplo, ela usa com a ajuda de um programa de acessibilidade. Ao escrever a carta, há quase um ano, a vilhenense nem imaginava que um dia poderia tocar o rosto do artista da qual é fa, e espera ansiosa pelo encontro com Safadão.

Leia abaixo, no íntegra, a carta escrita por Alessandra para o cator:

Vilhena, 01/06/2022

Olá, Wesley Safadão, me chamo Alessandra, tenho 30 anos e sou sua fã há 4 anos. Antes de me tornar sua fã, ouvia um dos CDs da banda Garota Safada, portanto, não sabia que você era um dos vocalistas da banda. Mas, tempos depois, eu ouvi a música Camarote no celular de um primo que estava te ouvindo naquele momento e eu havia perguntado pra ele quem era que estava cantando, pois eu amava a voz.

Então ele me disse que era Wesley Safadão. Sou deficiente visual, não enxergo desde que nasci e, quando eu nasci, minha mãe biológica me abandonou na casa dos meus avós paternos, que me criaram até os 27 anos, a época que eu perdi minha mãe de criação e isso me doi até hoje. Quando minha mãe biológica estava grávida de mim, segundo o que me falaram, ela tomou remédios para me abortar.

Mas não sei ao certo o que aconteceu, porque outros me disseram que ela adoeceu de rubéola. Cheguel a ir a Campinas, São Paulo para tentar reverter o quadro da cegueira, fazendo algumas cirurgias. Nas duas primeiras os médicos disseram que eu teria 10% de chance de enxergar. Porém, nas duas últimas, eles desenganaram dizendo que o quadro era irreversivel e que não havia possibilidades, nem com transplante de córnea, pois o problema da visão era nas córneas.

Tive que me adaptar a isso, tive uma infância normal, sempre tive vontade de estudar, mas fui conseguir ir a escola com 11 anos de idade, porque aqui na minha cidade a minha familia não tinha conhecimento de escola especializada e profissionais capacitados para ensinar pessoas com deficiência visual. Mas foi quando minha mãe de criação conversando com uma amiga dela que é mãe de um filho com deficiência, falou que ela fosse na escola onde ele estudava que lá eu ia conseguir estudar. Assim foi feito, fui matriculada, me alfabetizei em Braile em 3 meses e, no final do ano eu fui direto para segunda série -não fui pra primeira como todas as crianças. Concluí minha trajetória escolar em 2013, fiz ENEM e tentel ingressar na universidade, não consegui, fui conseguir em 2016. Cursei pedagogia e me formei em maio de 2022.

Em 2019 perdi minha mãe de criação, foi embora um pedaço de mim, mas estou tendo forças através de Deus e da sua voz. Deus colocou você na minha vida, porque desde a minha adolescência enfrento quadros depressivos, a ponto de fazer uso de medicações pra dormir. Além dessas medicações, eu deixo meu som ligado a noite toda com as suas músicas, porque eu consigo dormir mais tranquila e não ter sonhos ruins, porque antes eu acordava muito assustada e com medo. Hoje sou muito feliz, mesmo com minha limitação, eu moro sozinha, tenho minha casa, faço tudo nela, sou independente. Na minha casa eu fico te ouvindo o dia todo até na hora que vou fazer minhas coisas, você me inspira até pra cozinhar, pra fazer meus afazeres de casa.

Creio que Deus um dia vai te trazer aqui em Vilhena e eu vou te conhecer e, se for da vontade dele, quero muito tocar no seu rosto, pois mesmo sem enxergar eu te vejo com os olhos da alma, esses olhos são nitidos e consigo te ver além e consigo enxergar além. Sou grata a Deus pela sua vida e eu tenho muita fé nele que vou poder contar essa história pra você pessoalmente.

Te vejo pelo Instagram todos os dias, vivo olhando seus stories interagindo nas suas postagens, comentando, e o legal é que, mesmo sem saber, você facilita muito a minha interação, pois quando você posta fotos no Instagram, por exemplo, você descreve por meio da legenda, pois meu leitor de tela não tem recurso de acessibilidade para descrever foto, obrigada por isso também. Um cheiro dessa fa que te ama muito e que só está aqui até hoje, porque Deus viu que morrer não era a solução dos meus problemas e ele colocou você para me alegrar.

Te amo Te amo e Te amo milhões de vezes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Folha do Sul Online

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