Data de Publicação: 11 de dezembro de 2024 11:20:00
Uma milícia, considerada como um "grupo de extermínio" pela Polícia Civil do Paraná (PC-PR), foi alvo de uma operação na manhã desta quarta-feira (11).
De acordo com a PC, o grupo é suspeito de executar pelo menos 21 pessoas no intervalo de um ano e oito meses em Ponta Grossa, nos Campos Gerais.
Os crimes, conforme a investigação, eram filmados e enviados ou transmitidos em tempo real por vídeo ao mandante, que estava preso na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Saiba mais abaixo.
"As investigações que culminaram no desencadeamento da operação tiveram início após o setor de homicídios da Polícia Civil detectar que o grupo criminoso havia constituído uma milícia privada para execução de seus rivais e desafetos, elevando o número de mortes na cidade de Ponta Grossa. [...] Foi identificado que o grupo, bem estruturado, possuía ao menos 28 integrantes, sendo seis adolescentes", afirma a corporação.
Segundo o Ministério Público, também foram obtidas provas de corrupção de um monitor de ressocialização, servidor terceirizado do sistema penitenciário, que receberia propina para conceder benefícios e facilidades aos investigados presos.
"Esse servidor terceirizado teve a sua prisão preventiva decretada nesta fase das investigações e já foi afastado das funções pelo próprio Departamento de Polícia Penal do Estado", afirma o órgão.
Os nomes dos suspeitos não foram revelados. O g1 tenta identificar as defesas deles.
Para operação, foram expedidos 38 mandados de prisão preventiva e 69 mandados de busca e apreensão em 46 residências dos seguintes estados:
A Justiça também determinou a transferência de um preso para o sistema penitenciário federal, além do imediato isolamento de outros três presos da Casa de Custódia de São José dos Pinhais, que foram identificados como associados do grupo.
A operação foi deflagrada em conjunto pela Polícia Civil de Ponta Grossa, Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e Polícia Militar (PM-PR), com apoio do canil da Guarda Municipal e da Polícia Penal nas investigações.
Segundo a Polícia Civil, para identificar todos os envolvidos e desarticular as atividades da organização, foram instaurados três inquéritos policiais.
"Após a coleta de diversas provas de atuação do grupo criminoso, que contou com apoio do setor de inteligência da Polícia Penal, foi constatado que membros da milícia já eram alvos de investigações pelo Gaeco pela prática de diversos crimes, dentre os quais pertencer a organização criminosa e lavagem de capitais", afirma o delegado Nagib Nassif Palma, chefe da 13ª Subdivisão Policial da Civil.
A corporação, através do setor de homicídios, ficou responsável pelas investigações relacionadas à atuação da milícia.
Em conjunto com a Polícia Militar, a Civil também foi responsável pelas investigações relacionadas às associações criminosas do grupo, visando a identificação de envolvidos com o tráfico de drogas e porte ilegal de armas de fogo.
Já o Gaeco, em nova fase da Operação Pax, fez as investigações relacionadas à atuação da organização criminosa, com enfoque na lavagem de dinheiro promovida pelo grupo, visando atacar as finanças da organização.
As investigações apontam que o grupo possuía diversos núcleos, segundo a Polícia Civil:
"O uso de adolescentes visava, especialmente, à impunidade do grupo, em razão da previsão de penalidades mais brandas em razão da menoridade", explica o delegado Nagib Nassif Palma.
De acordo com a Polícia Civil, entre janeiro de 2023 e agosto de 2024, o grupo foi responsável por 21 assassinatos e seis tentativas de homicídio apenas em Ponta Grossa - foram sete assassinatos e uma tentativa em 2023, e 14 mortes e cinco tentativas em 2024.
O delegado Luís Gustavo Timossi também afirma que a milícia é suspeita de envolvimento em diversos outros homicídios, "cujos trabalhos periciais devem comprovar a atuação do bando".
"Identificou-se que a milícia era comandada por um indivíduo que já se encontrava preso na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, de onde emitia as ordens para os assassinatos, chegando a acompanhar em tempo real as execuções, muitas vezes por chamadas de vídeo. Foi identificado que quando não conseguia acompanhar as mortes, o chefe do grupo de extermínio solicitava que vídeos com as execuções fossem registrados e lhe encaminhados na sequência", detalha Nagib.
Além do crime de milícia, as investigações identificaram a prática dos crimes de tortura e de corrupção de menores. As penas, somadas, podem chegar a 16 anos.
"No caso do chefe do bando, em que as investigações apontam para atuação direta em todos os homicídios, as penas, somadas, podem chegar até 750 anos de prisão", afirma o delegado.
As investigações também identificaram dois grupos criminosos atuantes no tráfico de drogas e porte ilegal de armas de fogo, que possuíam "vínculo direto com membros da milícia envolvidos em tentativas de homicídio na região", segundo a Civil.
"As investigações identificaram a atuação de 11 pessoas no grupo, sendo representada e deferida pelo Poder Judiciário a expedição de 10 mandados de prisão preventiva, 9 mandados de busca e apreensão domiciliar e 2 ordens de bloqueio de contas bancárias, a serem cumpridos nas cidades de Ponta Grossa, Ivaí, Carambeí e Curitiba", afirma a corporação.
De acordo com o delegado Romeu Ferreira, responsável pelo inquérito, os grupos tinham alguns integrantes presos, mas "mantinham suas atividades criminosas por meio de colaboradores ainda em liberdade, cujas prisões foram decretadas".
A operação também autorizou bloqueios de contas bancárias. Agora, a polícia busca localizar outros possíveis envolvidos.
Fonte G1
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Envie seu comentário preenchendo os campos abaixo
Nome
|
E-mail
|
Localização
|
|
Comentário
|
|