A variante Delta está mudando o panorama da pandemia no mundo. Mesmo nos países com altos índices de pessoas imunizadas, o número de infectados com a cepa que surgiu na Índia não para de crescer. Além de mais transmissível, ela causa sintomas diferentes daqueles apresentados pelo SARS-CoV-2 e pelas outras mutações do vírus. O indivíduo infectado apresenta dificuldades semelhantes com uma síndrome gripal.
"Temos visto mesmo que os sintomas da Delta são mais febre, dor no corpo, coriza, dor de garganta, pouquinho menos de tosse se comparado com os infectados no ano passado e do começo deste ano. Nos primeiros dias de infecção, os sintomas são muito parecidos com os dos vírus respiratórios, principalmente a gripe", explica o infectologista Gustavo Henrique Johanson, médico do Hospital Israelita Albert Einstein.
"O que está chamando mais atenção é que os pacientes agora apresentam um pouco mais coriza no início do quadro infeccioso do que no começo da pandemia. Anteriormente, os pacientes apresentavam muita tosse e nada de coriza, seco. Parecia uma gripe seca", acrescenta o médico.
De acordo com dados de segunda-feira (26) do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 169 infectados com a nova cepa, em sete Estados (Rio de Janeiro, Santa Catarina, Maranhão, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Goiás) e o Distrito Federal.
Com 88 casos, o Rio é o lugar com mais infectados do país. A SMS (Secretaria Municipal da Saúde) informou que 95,6% dos pacientes tiveram uma síndrome gripal e apenas um caso foi internado por síndrome respiratória aguda grave.
O infectologista alerta que não é possível fazer um diagnóstico correto somente com avaliação clínica. "É difícil diferenciar só com análise dos sintomas, somente o teste consegue detectar se é gripe, resfriado ou covid. Se um paciente chega e fala para mim: estou com dor de garganta. Não dá para afirmar se é só uma dor de garganta, uma gripe, um resfriado ou covid. Só o teste é que vai confirmar", diz Johanson.
As diferenças começam a surgir a partir do terceiro dia de sintomas. "Nos primeiros dias é praticamente indistinguível. Mas a gripe dura dois dias para grande maioria das pessoas, três quando muito. Com covid, o paciente pode ficar com febre 10, 12, 14 dias. Obviamente, se a pessoa não melhora em dois dias, continua dor de garganta, febre, inapetência, coriza, dor no corpo, é óbvio que, clinicamente falando, a probabilidade de ser covid ganha mais força", observa o infectologista.
Independentemente da cepa que é predominante ou não no país, a orientação dos médicos segue a mesma do começo da pandemia. "Por conta da alta incidência de casos de covid que ainda temos no Brasil, a primeira hipótese que fazemos para um sintoma gripal ou de resfriado é de covid. Espirrou, tossiu, escorreu o nariz, doeu a garganta é covid até que se prove o contrário", conclui Johanson.
Fonte:R7