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Comissão luta por centro de hemodiálise em região de MT onde 11 moradores morreram em viagem a RO para tratamento

Data de Publicação: 1 de novembro de 2021 18:11:00 Após o acidente que aconteceu nesse final de semana, que levou a morte de 11 pacientes de Comodoro que eram levados em uma van para fazer hemodiálise, a preocupação dos familiares aumentou.

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Uma comissão luta para conseguir um Centro de Tratamento Renal em Juína, no noroeste do estado, para atender a pacientes de 11 municípios da região noroeste e Vale do Arinos. Neste ano, mais de 60 pacientes precisaram sair de suas cidades para ir para a Cuiabá ou para cidades de Rondônia para realizar o tratamento de hemodiálise.

Um acidente matou oito pacientes, dois acompanhantes e um motorista durante uma viagem para Vilhena (RO), para tratamento de hemodiálise no último final de semana. No total, 13 pessoas morreram.

A presidente da comissão, Maria Aldineia da Silva Moraes, é filha de paciente de hemodiálise e ela decidiu montar a comissão após passar por essas dificuldades com o pai e ver o sofrimento de outras famílias.

Ela relata que após o acidente do final de semana, a preocupação dos familiares de pacientes aumentou.

"Aqui nós corremos o mesmo risco de Comodoro e de outras cidades. Sei que corremos esse perigo também, porque aqui há muitos que vão de van para fazer o tratamento, saindo de Juina, Colniza, Juara, Brasnorte e outros municípios", desabafa.

O pai dela faz tratamento renal há quatro anos e no ano passado precisou ficar em Cuiabá para hemodiálise.

"O que os pacientes mais querem é fazer o tratamento, mas perto de sua casa e de sua família. Toda vez que visitava meu pai, ele só me pedia para ir embora. É muito difícil", relata.

Maria conta que o custo mensal já chegou a R$ 3.500 para mantê-lo na capital, entre gastos com aluguel de casa, enfermeira, transporte, fraldas, medicação e insulina para diabetes e alimentação.

Os pacientes da região noroeste e do Vale do Arinos são obrigados a ir para Cuiabá, Sinop e outras cidades de Mato Grosso ou até cidades do estado vizinho, Rondônia, onde há clínica de tratamento.

"As viagens são muito difíceis. Manter os pacientes em outras cidades é é complicado, financeiramente falando, além de a família não poder estar por perto para ajudar. Há muitos pacientes que estão desistindo do tratamento por causa dessas dificuldades", diz.

Maria afirma que a maior indignação dela é o fato do município de Juína ter recebido sete aparelhos de hemodiálise em dezembro do ano passado. Esses aparelhos estariam parados, segundo ela.

O g1 entrou em contato com a Secretaria Municipal de Juína e com a Prefeitura de Juína, mas até o momento não houve resposta.

No mês que vem fará um ano que esses equipamentos chegaram e ainda não foram utilizados. Após ter essas informações, Maria e outros cinco familiares de pacientes em tratamento se juntaram e formaram a comissão.

"Conseguimos chegar perto de realizar esse sonho. Havia uma investidora que tinha interesse em implantar a clinica na cidade, mas desistiu porque o SUS paga um valor muito abaixo da tabela de custos do tratamento. Não sei mais o que fazer", desabafa.

A comissão já se reuniu com vereadores, governador Mauro Mendes e com prefeitos de cidades vizinhas.

"Há 11 municípios na região. Se cada um arcasse com uma quantidade, o poder público conseguiria atender a essa população", diz Maria.

O secretário municipal de Saúde de Comodoro, Fábio Carraro, explica que mesmo que uma central de tratamento fosse implantada em Juína, o município de Comodoro não teria o problema resolvido, já que não há uma estrada interestadual que ligue os dois municípios, e que os pacientes teriam que passar por Vilhena (RO), da mesma forma.

Ele explica que o procedimento pelo procedimento de hemodiálise ser de alta complexidade, Comodoro não atende aos pré-requisitos pedidos pelo governo estadual.

"Como por exemplo, é preciso ter Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no município, para poder fazer parte do programa de hemodiálise. Mas as UTIs são custeadas pelo governo federal e cidades pequenas como Comodoro não recebem esses recursos. O município não tem recurso para manter um procedimento desse", explica.

Além disso, o secretário explica que é preciso ter atendimento e médicos especializados no local para poder ser incluso no programa, o que só gera maiores dificuldades.

"É um sonho ter a hemodiálise no nosso município, mas a realidade é que esse serviço ainda está muito distante da nossa capacidade de operação. O que falta para isso acontecer é uma revisão no programa de hemodiálise", diz.

Fábio afirma que uma simplificação nas regras e pré-requisitos exigidos para cidades menores, mesmo que com uma estrutura menor ofertada, poderia viabilizar o atendimento.

"Da forma como o programa é hoje, nenhum município pequeno consegue fazer parte. Mesmo que com essa simplificação do programa, a estrutura ofertada fosse menor para esses municípios, já ajudaria. Tínhamos 18 pacientes, no último ano, para fazer o tratamento. Se revezássemos em três ou quatro turnos, conseguiríamos atender a todos eles com apenas duas cadeiras", afirma.

O secretário afirma que a previsão, por enquanto, é continuar levando os pacientes até Vilhena (RO), já que essa é a única solução atual para que esses moradores não fiquem sem atendimento.

Morte de pacientes durante transporte em vans

Treze pessoas morreram em um acidente ocorrido no sábado (30), na BR-174, em Comodoro, a 677 km de Cuiabá, segundo a Polícia Civil do município. A situação envolveu uma van e uma caminhonete SW4. Os dois veículos bateram de frente.

Dos envolvidos no acidente, dois sobreviveram: a técnica de enfermagem Silvana Machado, que estava na van acompanhando os pacientes que iriam fazer hemodiálise, e um ocupante da SW4, cuja identificação não foi confirmada.

O número de mortos foi confirmado pela Secretaria de Saúde de Comodoro.

Os pacientes que estavam na van fazem hemodiálise três vezes por semana, no Instituto do Rim de Vilhena.

Das 12 pessoas que estavam na van, apenas uma sobreviveu, que é uma técnica de enfermagem.

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