Data de Publicação: 10 de dezembro de 2022 09:13:00 Disponível no SUS desde 2017, o método de prevenção à infecção pelo HIV é capaz de bloquear os caminhos que o vírus usa para infectar o organismo. Em quatro anos, mais de 52,5 mil pessoas tiveram acesso, pelo menos uma vez, à PrEP no SUS.
Simples, de graça e muito eficaz na proteção contra o vírus HIV. A Profilaxia Pré-Exposição, mais conhecida pela sigla PrEP, é um dos métodos de prevenção à infecção pelo HIV que vem ganhando cada vez mais adeptos no Brasil.
Especialistas apontam que o método de prevenção é considerado como um dos responsáveis pela diminuição dos casos de HIV no Brasil e contribui para a melhora na qualidade de vida sexual e no combate ao preconceito em relação à Aids, doença provocada pelo vírus.
Abaixo, nesta reportagem, você vai saber:
É um comprimido que combina dois medicamentos antirretrovirais (tenofovir + entricitabina). Dentro do corpo, eles trabalham para fazer uma espécie de bloqueio nos caminhos que o HIV usa para infectar o organismo.
Assim, o corpo se prepara para enfrentar um possível contato com o HIV, como em uma relação sexual, por exemplo.
Quem não está infectado pelo HIV e possuir maior risco de entrar em contato com o vírus, como quem tem vários parceiros ou não consegue usar camisinha.
"A PrEP é tomada diariamente por quem tem um risco aumentado de infeção por HIV, como pessoas que não conseguem usar o preservativo, quem sempre tem quadros de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) ou quando você está vivendo um relacionamento sorodiferente, que é aquele que uma pessoa tem HIV e a outra não", explica o médico infectologista Vinícius Borges, especialista em ISTs.
Ela também é indicada para homens gays, transexuais, trabalhadores do sexo e para quem faz uso repetido da PEP, a Profilaxia Pós-Exposição (siga lendo para entender a diferença).
Caso você esteja nos grupos indicados, é importante consultar um médico para iniciar o uso do medicamento. Isso porque há dois jeitos de tomá-lo.
No SUS, a PrEP geralmente é receitada para ser tomada uma vez por dia - e a retirada do medicamento, de graça, deve ser feita a cada três meses. O efeito protetor começa a partir do sétimo dia.
"Você toma um comprimido por dia e faz exames a cada quatro meses", afirma o médico Vinícius Borges. "A PrEP só age no HIV, ela não previne outras ISTs", ressalta.
Segundo o Ministério da Saúde, a PrEP não precisa necessariamente ser usada até o final da vida de maneira ininterrupta. A pessoa pode interromper ou parar o uso do medicamento, caso haja mudanças no seu contexto de vida. Também pode retomar o uso da profilaxia.
Dos mais de 29,9 mil usuários de PrEP no Brasil em dezembro de 2021, 41% pararam de tomar o medicamento em algum momento, mas depois recomeçaram.
Liberada recentemente pelo SUS, mas já receitada por médicos particulares, há também a chamada PrEP sob demanda: é o mesmo comprido, só muda a forma de tomar, no esquema "2+1+1".
"São dois comprimidos de 2 a 24 horas antes do sexo, um comprimido 24 horas após a dose dupla e um comprimido 48 horas após a dose dupla. É indicada apenas para homens gays e bissexuais cisgênero, de acordo com o protocolo da Organização Mundial da Saúde (OMS)", explica o infectologista.
O esquema sob demanda é mais usado, segundo o médico, por quem tem menos exposições sexuais semanais e consiga planejar seus horários.
De acordo com o infectologista, o uso diário da PrEP pode gerar uma proteção de até 99% contra o HIV no sexo anal. No sexo vaginal, a eficácia do medicamento é de cerca de 90%. Já no esquema sob demanda, a eficácia é de até 97%.
"É muito eficaz. Os poucos casos de infecção por HIV acontecem em pessoas que não tomam o medicamento de forma correta e acabam se tornando mais vulneráveis", diz Vinícius Borges.
Não. A PrEP faz parte da prevenção combinada, uma estratégia adotada pelo Ministério da Saúde que junta vários métodos de prevenção ao HIV, de acordo com as necessidades de cada pessoa.
Para o infectologista, as medidas de proteção não se excluem, mas se somam. Ele defende que a prevenção vai muito além da camisinha.
"Se camisinha fosse resolver a epidemia de AIDS, ela já teria resolvido. Hoje, a gente tem que entender que existem outras opções para pessoas mais vulneráveis, para quem não consegue usar a camisinha sempre, e a PrEP tem mostrado um impacto gigante", diz Borges.
Segundo o médico infectologista, a PreP trouxe uma nova forma de prevenção que também ajudou a acabar com um certo temor em volta do HIV, principalmente nas comunidades gay e trans.
"O HIV pode acontecer com todo mundo, mas alguns grupos ficaram marcados por isso até hoje. [...] Estamos nos tornando a primeira geração que está transando com menos medo ou até sem medo por conta dessas tecnologias que temos à disposição", diz Vinícius Borges, que também é especialista em saúde LGBT+.
A PEP é uma medida de prevenção considerada de urgência, usada depois de um possível risco de contágio pelo vírus HIV, como em casos de:
No caso da PEP, também fornecida de graça no SUS, são dois comprimidos. O tratamento deve começar após as primeiras duas horas de exposição ao HIV e, no máximo, em até 72 horas, por um período de 28 dias.
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