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Agricultores impõem 'cerco' a Paris em protesto

Data de Publicação: 29 de janeiro de 2024 18:32:00 Caminhões e tratores bloqueiam rodovias no entorno da capital francesa. Agricultores pressionam governo para recuperar danos causados pela inflação e a guerra da Ucrânia, além de políticas prejudiciais ao setor.

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Agricultores franceses tentaram impor um "cerco" a Paris, nesta segunda-feira (29), ao impedir o tráfego em várias rodovias no entorno da capital. Eles exigem que o governo adote medidas para ajudá-los a lidar com os efeitos da inflação, competir com as importações de produtos mais baratos e, de modo geral, garantir o sustento de suas famílias.

Assim como ocorreu recentemente na Alemanha e em outros países europeus, há uma semana os agricultores utilizam tratores e caminhões para bloquear ou provocar lentidão nas rodovias. Agora, eles se aproximam da capital.Temendo um agravamento das tensões com o setor agrícola em pleno ano de eleições europeias, o governo do presidente Emmanuel Macron chegou a retroceder nos últimos dias de alguns de seus planos.

Caminhões e tratores bloqueiam rodovias na França nesta segunda-feira (29). — Foto: Benoit Tessier/Reuters

Caminhões e tratores bloqueiam rodovias na França nesta segunda-feira (29). — Foto: Benoit Tessier/Reuters

O governo francês aplicou algumas medidas para amenizar a crise. Entre elas estão:

 

  • Prometeu isenção fiscal para o combustível agrícola;
  • Prometeu negociar em Bruxelas uma nova revogação da obrigação de deixar 4% das terras em pousio (interrupção para deixar o solo mais fértil);
  • Acelerar os pagamentos para a Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia, da qual a França é a principal beneficiária, com 9 bilhões de euros por ano.

 

Contudo, entidades representativas dos agricultores afirmam que essas medidas não são suficientes.

 

"A essa altura, o que nós queremos é aumentar a pressão. Por isso, bloquearemos todas as principais rodovias que entram ou saem de Paris em uma faixa de até 30 quilômetros da capital", afirmou o chefe do sindicato FNSEA antes dos protestos. "Nosso objetivo é pressionar o governo para que possamos encontrar uma solução rápida e um modo de sair da crise", completou.

 

O governo destacou cerca de 15 mil policiais, a maioria na região de Paris, para impedir que os protestos sejam ampliados para dentro da capital e afetem dois aeroportos.

Em Jossigny, perto da Disney Paris, todas as seis faixas da via expressa A4 foram bloqueadas. Alguns veículos levavam mensagens como: "Não há comida sem agricultores" e "Nosso fim significaria fome para vocês". A emissora BFM-TV mostrou imagens de manifestantes usando empilhadeiras para colocar fardos de feno na rodovia A6, ao sul de Paris.

Caminhões e tratores bloqueiam rodovias no entorno da capital francesa. Agricultores pressionam governo para recuperar danos causados pela inflação e a guerra da Ucrânia, além de políticas prejudiciais ao setor. — Foto: Benoit Tessier/Reuters/Via DW

Caminhões e tratores bloqueiam rodovias no entorno da capital francesa. Agricultores pressionam governo para recuperar danos causados pela inflação e a guerra da Ucrânia, além de políticas prejudiciais ao setor. — Foto: Benoit Tessier/Reuters/Via DW

 

Contraste entre campo e cidade

 

As longas filas de tratores e veículos agrícolas expuseram os contrastes econômicos e sociais entre a cidade e o campo na França. Os manifestantes se sentem ignorados pelos ministros de Estado, a quem acusam de raramente irem às fazendas e "sujarem seus sapatos".

Os protestos na França não são os únicos: ações similares foram realizadas na Alemanha, na Polônia, e na Grécia recentemente, por vezes apoiadas por partidos de extrema-direita. Essas legendas vêm conquistando parcelas cada vez maiores do eleitorado em diferentes países da Europa, a poucos meses das eleições para o Parlamento europeu.

Os agricultores se queixam do aumento dos preços dos fertilizantes, exacerbados pela guerra na Ucrânia, que, juntamente com a alta nos custos de energia e outros itens necessários para manter as plantações e criações de gado, fizeram suas rendas diminuírem significativamente.

Os fazendeiros reclamam que o setor agrícola, fortemente subsidiado, é excessivamente regulado, além de sofrer os impactos da importação de baixo custo de países onde a agricultura tem menos regulação.

 

Acordo UE-Mercosul na mira

 

Na semana passada, o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, anunciou que o governo francês se opõe à assinatura do país ao acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul. O objetivo era aplacar o descontentamento dos agricultores com as políticas do governo. Attal classificou o acordo como "uma lei da selva" que acabaria afetando os agricultores franceses.

O ministro francês da Agricultura, Marc Fesneau, disse que Macron vai pressionar por medidas mais favoráveis ao setor agrícola na próxima cúpula da UE, que se inicia nesta quinta-feira.

Bruxelas também teve protestos de agricultores nesta segunda-feira no anel viário que contorna a capital belga, onde se localiza o centro do poder europeu.

Em Hamburgo, também nesta segunda, agricultores com cerca de 550 tratores protestaram contra políticas do governo de coalizão alemão.

Por G1

 

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