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Produtores brasileiros boicotam Carrefour após declarações do CEO sobre carne do Mercosul

Data de Publicação: 26 de novembro de 2024 09:07:00 Principal executivo mundial do Carrefour publicou carta endereçada ao presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da Europa, em que se comprometeu a não comprar mais carne de fornecedores do Mercosul para vender na França.

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Produtores brasileiros de proteína animal organizaram um boicote ao grupo Carrefour por causa de declarações do CEO global da empresa.

Na última quarta-feira (20), o principal executivo mundial do Carrefour publicou uma carta endereçada ao presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da Europa, em que se comprometeu a não comprar mais carne de fornecedores do Mercosul para vender na França.

Alexandre Bompard disse: "Em toda a França, ouvimos o desespero e a indignação dos agricultores diante do projeto de acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul e o risco de inundação do mercado francês com carne que não atende às suas exigências e normas. Em resposta a essa preocupação, o Carrefour quer agir em conjunto com o setor agrícola e assume hoje o compromisso de não comercializar nenhuma carne proveniente do Mercosul."

Os produtores rurais franceses alegam que o acordo comercial entre União Europeia e Mercosul vai tirar competitividade da carne francesa porque os produtos agrícolas sul-americanos chegariam mais baratos à Europa.

Em reação à decisão do Carrefour na França, no dia seguinte, grandes produtores brasileiros como JBS, Marfig e Masterboi, começaram a suspender a venda de carne para os mercados da rede no Brasil.

Em nota divulgada nesta segunda-feira (25), o Carrefour Brasil informou que "lamenta profundamente a atual situação e reafirma a estima e confiança no setor agropecuário brasileiro, com o qual sempre manteve uma relação sólida e de parceria. Afirmou que a decisão pela suspensão do fornecimento de carne impacta os clientes e que está em diálogo constante na busca de soluções que viabilizem a retomada do abastecimento de carne nas lojas do grupo o mais rápido possível."

Em entrevista ao programa Em Ponto, da GloboNews, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, apoiou o boicote dos produtores brasileiros. Segundo ele, a indignação é por colocar sob suspeita a qualidade da carne brasileira.

"O problema é a forma com que o CEO do Carrefour tratou. O primeiro parágrafo da carta, da manifestação dele, fala com relação à qualidade sanitária das carnes brasileiras, o que é inadmissível falar. O Brasil tem uma das melhores sanidades de produtos alimentícios do mundo. A França me parece um protecionismo desproporcional, mas o que é muito mais grave: se não quer comprar, não tem problema. Como disse aí, não vai afetar o nível das relações comerciais brasileiras. Agora, não use artifícios para colocar adjetivos pejorativos nos produtos brasileiros", diz Carlos Fávaro.

O governo Lula exigiu retratação. Em um comunicado, a embaixada do Brasil em Paris condenou as declarações do executivo do Carrefour:

"O Brasil respeita, democraticamente, a oposição de qualquer setor ao acordo de livre comércio Mercosul-União Europeia. Tal posição, no entanto, não pode justificar uma campanha pública baseada na disseminação generalizada de desinformação contra produtos brasileiros".

Em uma carta aberta, 44 federações e associações da cadeia produtiva brasileira repudiaram as declarações do executivo do Carrefour.

Mais cedo, em evento da Confederação Nacional do Comércio, em São Paulo, o presidente da Câmara, Arthur Lira, do Progressistas, criticou o que chamou de "protecionismo exagerado" de países europeus. Em resposta, Arthur Lira disse que vai colocar em votação nesta semana um projeto para criar a Lei de Reciprocidade Econômica entre os países. A proposta proíbe o Brasil de assinar acordos internacionais que imponham restrições discriminatórias aos produtos brasileiros.

Na noite desta segunda-feira (25), questionado sobre o assunto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que acredita em uma retratação do Carrefour.

"Primeiro, eu não vou ficar comentando atitude de empresa, mas enfim, houve uma reação justificável a esse tipo de declaração. Uma empresa que está instalada no Brasil não faz muito sentido. Mas eu não quero me estender sobre isso porque eu acredito que a empresa vai se reposicionar, na minha opinião", declara Haddad.

Fonte G1

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