Data de Publicação: 13 de outubro de 2021 23:23:00 Mais de 2 mil pessoas em 25 cidades tiveram a doença que pode causar desidratação e desnutrição e, se não for tratada, a morte. Crianças e idosos são os mais vulneráveis.
O Rio Grande do Sul enfrenta um surto de doença diarreica aguda (DDA). Um alerta foi emitido pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) na última sexta-feira (8). Duas mil pessoas em 25 cidades já foram contaminadas.
Uma dessas cidades é Canoas, onde a bancária Suzana Mallmann vive com a família. Ela, o marido e os dois filhos contraíram a doença. O primeiro foi Gael, o filho mais novo, de 10 meses, que passou mal na escola infantil que frequenta.
"De primeira, nós achamos que estava com infecção alimentar. Deve ter comido alguma coisa diferente na escolinha. Não demos muita bola. Só que desse horário, das 16h30 até as 20h, ele teve mais 15 episódios de vômito. Chegou uma hora que nem água ele conseguia mais segurar. Com medo de desidratar, levamos para emergência", conta Suzana.
No dia 3 deste mês, toda a família apresentou os sintomas da doença, além do pai de Suzana e da madrasta. Foi então que veio o diagnóstico de que todos tinham sido atingidos pelo mesmo vírus.
Com o tratamento adequado, uma semana depois, todos estão recuperados.
O Ministério da Saúde explica que a doença diarreica aguda é uma síndrome que pode ser causada por bactérias, vírus e parasitas. O contágio ocorre, geralmente, via oral por meio do consumo de alimentos ou água contaminados.
A doença pode ser infecciosa ou não infecciosa. Para a saúde pública, a que exige maior atenção é a infecciosa, pois pode ser transmitida. Foi o que aconteceu no estado. O agente causador é um norovírus.
"A contaminação, geralmente, é pela água e, em alguns casos, pela comida. É uma doença grave e que exige cuidado médico imediato. Há a estimativa de que cerca de 2 milhões de pessoas no mundo morram por causa dela", explica o médico epidemiologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Paulo Petry.
De acordo com médicos epidemiologistas, a doença, típica de países subdesenvolvidos, atinge mais crianças com até 5 anos. Ambientes de creches e escolas são os locais mais comuns para esses tipos de surtos.
Entre os sintomas da doença, diarreia que pode ou não ser acompanhada de dor abdominal, náusea, vômito e febre. Ela pode provocar desnutrição e desidratação intensas e, se não for tratada, leva à morte, razão pela qual atendimento médico deve ser procurado logo que os primeiros sintomas se manifestarem.
"A gente tem que prestar muita atenção com crianças e idosos, pois esses correm maior risco de se desidratar. Então, se crianças ou idosos estão com quadro diarréico, a gente presta a atenção na hora que começarem a se sentir mais fracos, debilitados, febre persistente, além da dor abdominal mais marcada", conta o médico infectologista Cezar Riche.
No alerta epidemiológico do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), consta que a suspeita é de que a contaminação esteja associada à ingestão da água.
O Cevs orienta a população a consumir água somente de fontes seguras, que tenham processo de desinfecção por cloro ou outra tecnologia. Também sinaliza que é importante fazer a limpeza de caixas d’água com regularidade.
"É importante que as pessoas cuidem a fonte da alimentação, se os alimentos estão sendo corretamente higienizados, em especial a água usada para beber, a água pura ou a água para fazer suco, pois, de forma geral, a água fervida acaba com a capacidade infectiva do vírus", explica Cynthia Molina Bastos, diretora do Cevs.
Recomendações à população:
O alerta emitido pelo estado buscava evitar pânico entre as pessoas. Como o vírus ainda está circulando, o aviso serve para que a população aumente os cuidados e a transmissão diminua. Além disso, dessa forma, os profissionais da área da saúde terão condições de lidar casos de forma apropriada.
A SES divulgou que exames de sangue em pacientes são feitos para se descobrir como o vírus se espalhou. As amostras foram encaminhadas para o Laboratório Central do Estado (Lacen).
Além disso, houve coleta de água em alguns municípios. A análise é feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Não há prazo certo para o resultado.
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