Em algumas regiões os termômetros se aproximam dos 50 °C. Paquistão também é afetado pelo clima extremo.
Uma onda de calor sem precedentes afeta a Índia e o Paquistão, causando cortes de eletricidade e escassez de água para milhões de pessoas. Em algumas regiões os termômetros se aproximam dos 50 °C.
Há semanas a região vem enfrentando temperaturas cada vez mais elevadas. Em março, os termômetros em Nova Delhi registraram 40,1 °C, nível que não era visto nesta época do ano desde 1946. Na quinta-feira (28), a capital indiana enfrentava 46 graus, tornando cada vez mais difícil a vida dos moradores, principalmente para aqueles que têm que trabalhar ao ar livre.
“Eu bebo mais de 5 litros de água por dia. É a única coisa que posso fazer”, conta Mohammed, um operário de 50 anos que transportava, sob um sol escaldante no meio do dia, enormes peças de metal sobre os ombros. “Eu tenho que trabalhar para viver”, resume, lembrando que mora no próprio canteiro de obras. “Eu durmo aqui. Pelo menos temos um ventilador”, tenta se consolar.
Mohammed trabalha em um dos bairros mais sofisticados da capital, que assiste a uma aceleração no setor da construção civil. Mas as obras já começaram a sofrer o impacto das altas temperaturas.
“Nos últimos dias alguns operários foram embora, pois sofriam muito com o calor”, conta o mestre de obras Mohammad Yasin. “Os que ficaram têm que parar muitas vezes no dia para descansar, o que atrasa a construção”, comenta.
A onda de calor acontece em pleno ramadã, o jejum tradicional dos muçulmanos, que termina neste fim de semana. Os que respeitam a prática ficam sem comer do nascer ao pôr do sol, o que torna as condições de trabalho ainda mais difíceis. O islã é seguido por mais de 200 milhões de pessoas na Índia.
Incêndio no lixão
No norte da capital, um depósito de lixo pegou fogo na quinta-feira e, segundo as autoridades local, o incêndio foi provocado pelas altas temperaturas. Os bombeiros demoraram horas para controlar as chamas, o que deixou a qualidade do ar na metrópole ainda mais irrespirável.
Três outros incêndios ocorreram em menos de um mês no maior lixão da capital, o Ghazipur, uma montanha de dejetos de 65 metros de altura. A cidade de mais de 20 milhões de habitantes carece de infraestrutura moderna para tratar as 12 mil toneladas de resíduos que produz diariamente.
Ondas de calor mataram mais de 6.500 pessoas na Índia desde 2010. Os cientistas dizem que devido às mudanças climáticas elas estão se tornando mais frequentes, mas também mais severas. “Calor como o que atingiu a Índia no início deste mês só era observado uma vez a cada 50 anos", constata Mariam Zachariah, do Instituto Grantham do Imperial College de Londres.
Agricultura do Paquistão em perigo
No Paquistão as temperaturas também estão 8 graus acima do normal em algumas regiões, chegando a 48 graus em certas áreas, de acordo com a Sociedade Meteorológica paquistanesa.
O calor e a falta de chuva afetam diretamente os agricultores, que terão de gerir o abastecimento de água neste país onde a agricultura, a base da economia, emprega cerca de 40% da força de trabalho total. "A saúde pública e a agricultura do país enfrentarão sérias ameaças pelas temperaturas extremas deste ano", resume Sherry Rehman, ministra de Mudanças Climáticas.
Consumo de eletricidade
As altas temperaturas também provocam uma explosão no consumo de energia elétrica. Várias cidades do Paquistão já sofreram cortes de eletricidade que duraram até oito horas. As centrais elétricas também começam a registrar falta de carvão para alimentar suas atividades. Segundo o ministro paquistanês da Energia, Khurram Dastgir Khan, a crise de eletricidade já afeta todo o país.
No Rajastão, no noroeste da Índia, e no estado vizinho de Gujarat, mas também em Andhra Pradesh, mais ao sul, cortes de energia foram impostos nas fábricas para reduzir o consumo. De acordo com a imprensa local, as principais usinas também estão enfrentando escassez de carvão.
fonte: G1