Data de Publicação: 2 de junho de 2024 16:32:00 Abnéide Custódio descobriu em 2016 que tinha uma doença crônica que causa insuficiência renal. Para sua surpresa, a chance de cura estava mais próxima do que ela imaginava.
As irmãs, Abneide e Abnaíde Custódio após o processo de transplante de rim no Hospital de Base, em Porto Velho — Foto: Arquivo pessoal.
Após mais de 3 anos lutando contra uma doença renal crônica, Abneide Custódio sentiu a esperança de cura se esvair. Mas, sua chance de viver estava mais próxima do que ela imaginava: por meio de um gesto de amor e compatibilidade, sua irmã pôde doar um de seus rins para salvá-la.
“Eu me senti muito grata em poder doar e salvar a vida da minha irmã. Foi um ato de amor, dar a ela uma nova chance de aproveitar momentos bons ao lado da família e de quem ela ama. Ficamos ainda mais gratas por realizar esse procedimento na nossa cidade”, conta a doadora, Abnaíde Custódio.
A doação ocorreu na Central Estadual de Transplantes de Rondônia (CET/RO), em Porto Velho. De acordo com o Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, o estado lidera o ranking nacional em número de potenciais doadores de órgãos.
O diagnóstico
Em 2016, a corretora de imóveis descobriu que tinha “glomerulonefrite”: doença que causa uma inflamação dos glomérulos (pequenas estruturas nos rins que filtram o sangue) e pode levar à insuficiência renal.
Na época ela sentia muito inchaço no corpo e mal estar. Para evitar a temida hemodiálise — processo de estímulo artificial de função dos rins, Abneíde seguiu um “tratamento conservador” com uma dieta baixa em proteínas e sódio até 2018, quando seu quadro chegou ao limite.
“A minha porcentagem renal foi baixando até chegar no limite. Lembro que no dia que a médica me falou que eu ia entrar em coma por conta do meu rim, eu fui sozinha para o hospital. E foi nesse momento que chegou a hora deu eu ter que começar o tratamento de diálise”, explicou.
Corrida contra o tempo
Em uma corrida contra o tempo e a favor da vida, ela chegou a sair de Porto Velho em busca de tratamento em Joinville, Santa Catarina. Lá, descobriu que teria que deixar tudo para trás e morar fora por dois anos longe da família.
Ao retornar para a capital rondoniense, Abneide foi até o Hospital de Base em busca de auxílio, onde fica a CET/RO, e soube que poderia aguardar por um doador e realizar o transplante em sua cidade natal pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
E após mais de três anos de rotina de tratamento contra a doença, a corretora de imóveis deu início ao processo para aguardar o transplante de rim; “[Os Médicos] Eles fazem muitos exames antes, porque o transplante é o último tratamento”, disse.
Ela chegou a entrar na fila de espera de órgãos, mas depois de uma série de exames, veio a surpresa: alta compatibilidade entre ela e sua irmã Abnaíde.
A doadora conta que se sentiu muito feliz quando soube que poderia salvar a vida de sua irmã. Mas para ela, a espera foi o momento mais difícil. Isso porque, para realizar a cirurgia, é necessário que o doador passe por várias avaliações de saúde para confirmar se está apto a realizar o procedimento.
‘Uma nova vida’
Em 27 de abril de 2019, Abneide recebeu o rim da irmã, no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, em Porto Velho. Foi o último procedimento realizado antes da pandemia de COVID-19. Neste ano, ela celebrou cinco anos de sua nova vida.
A transplantada conta que, desde então, vive a vida de uma forma mais leve e que valoriza cada detalhe. Ela se sente grata a irmã pode poder está em momentos únicos, como levar a filha ao altar e desfrutar de outro natal junto à família.
“Para mim é uma nova vida. Valorizo todos os momentos, as pequenas coisas e principalmente viver. Eu não abro mão de estar com minha família e de celebrar todos os anos o dia 27 de abril, quando recebi o rim da minha irmã”, conta a transplantada.
Doação de órgãos em Rondônia
De acordo com o Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, Rondônia ocupa:
Segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde (Sesau), desde 2012, quando as doações de órgãos começaram a ser realizadas no estado, já foram registrados mais de 240 doadores. Em média, cada doador pode salvar cinco vidas.
Por Emily Costa, g1 RO
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