Mais quatro voos cancelados em Rondônia por causa da fumaça; passageiros relatam 'perrengues'
Foram cancelados dois pousos e duas decolagens em Porto Velho. Qualidade do ar na capital segue em índices alarmantes.
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Fumaça encobre Porto Velho — Foto: Silas Paixão
Quatro voos foram cancelados neste sábado (7) em Porto Velho, em razão da fumaça que encobre a cidade. Passageiros que precisam sair ou chegar no estado enfrentam essa situação há mais de um mês.
Foram cancelados dois pousos e duas decolagens em Porto Velho. Os trajetos afetados são:
A qualidade do ar na capital segue em índices alarmantes. Segundo a IQAir, plataforma suíça de monitoramento do ar, neste sábado (7), a concentração de PM2,5 em Porto Velho é atualmente 66 vezes maior que o valor anual recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O PM2,5 É uma partícula inalável ultrafina que é mais difícil de ser eliminada no organismo. As principais fontes de material particulado são: queima de combustíveis fósseis, queima de biomassa vegetal, emissões de amônia na agricultura e emissões decorrentes de obras e pavimentação de vias.
'Perrengues'
Em um mês, mais de 40 voos foram afetados pela baixa visibilidade causada pela fumaça em Rondônia. Passageiros prejudicados pelos cancelamentos precisam optar por medidas alternativas, como percorrer mais de 1 mil quilômetros de ônibus para embarcar em outro estado e chegar ao destino final.
Há mais de um mês encoberta pela fumaça das queimadas, a capital de Rondônia segue com a visibilidade comprometida para o pousos e a decolagem de aviões. Segundo a Rede de Meteorologia do Comando da Aeronáutica (Redmet), a visibilidade atual é de 400 metros.
O isolamento aéreo impactou a vida de pessoas que tinham passagens marcadas no último mês. As amigas Elaine Saad, Jacimar Rigolon e Samira Oliveira iriam partir de Porto Velho com destino a Guarulhos (SP) no dia 30 de agosto. De lá, as três iriam para a França.
As amigas decidiram seguir viagem de ônibus. Elaine e Jacimar foram para Cuiabá (MT) para pegar um avião com destino a São Paulo. Foram 1.460 Km percorridos até conseguirem entrar no avião.
Samira também pegou um ônibus, mas por questões de disponibilidade precisou percorrer mais de 500 km até Rio Branco (AC) para pegar um voo para São Paulo. Mesmo por terra, a fumaça pelo caminho comprometia a visibilidade.
"O ônibus demorou 8 horas para chegar até Rio Branco. Por lá havia muita fumaça na estada também", relatou Samira.
As três enfrentaram ao todo 33 horas de viagem, somando o tempo de estrada e pelo ar até pousarem em São Paulo.
Encontro das amigas — Foto: Arquivo pessoal
Geanara do Santos mora em Ariquemes, e tinham um voo marcado para Boa Vista (RR) no dia 31 de agosto para participar de uma expedição para subir o monte Roraima. Com o comunicado de que o voo não aconteceria em razão da fumaça na pista, Geanara estudou todas as possibilidades e optou comprar uma passagem de ônibus para Cuiabá para conseguir um voo até Roraima.
"Deu tudo certo, não perdi nada da minha expedição. Foi desafiador e doloroso, fisicamente foi bem difícil. Essa viagem já era muito esperada, me preparei 3 meses, não viver isso seria muito frustrante", comentou Geanara.
As companhias apontam que todos os clientes impactados estão recebendo apoios previstos pela resolução 400 da Anac, como a reacomodação em voos de reforço e a hospedagem.
Recordes de fogo
Em 2024, Rondônia bateu recordes de queimadas. Entre janeiro e 5 de setembro foram registrados 7.282 focos: a maior quantidade dos últimos 14 anos para o período. As queimadas expressivas ocorrem em um período de estiagem e seca extremas. Pela primeira vez, desde que começou a ser monitorado em 1967, o rio Madeira ficou abaixo de um metro. A capital do estado, Porto Velho, está há mais de três meses sem chuvas significativas, de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). A última vez que o estado de Rondônia registrou uma quantidade tão significativa entre janeiro e setembro foi em 2010, com uma diferença muito pequena. Na ocasião foram identificados 7.293 focos.