Data de Publicação: 5 de junho de 2025 13:27:00 Político conservador foi flagrado com roupas infantis e imagens de abuso; investigações apontam oito vítimas, entre mulheres e crianças.
O médico e vereador de Canarana (MT), Thiago Bitencourt Ianhes Barbosa (PL), de 39 anos, foi preso em flagrante durante operação da Polícia Civil por suspeita de estupro de vulnerável, produção e compartilhamento de pornografia infantil e manter mulheres e crianças sob domínio psicológico e sexual. Na casa dele, foram apreendidas imagens de abuso envolvendo menores e objetos usados em fantasias sexuais, incluindo roupas infantis.
As investigações já identificaram nove vítimas — entre mulheres e crianças — e apontam que o parlamentar mantinha algumas vítimas em condição de “escravidão sexual”, usando manipulação emocional, chantagem e violência para exercer controle sobre elas.
Como agia o vereador
De acordo com o delegado da Polícia Civil de Canarana, Flávio Leonardo, Thiago se aproximava de mulheres em situação de vulnerabilidade emocional, como recém-divorciadas ou com transtornos psicológicos. Criava um vínculo de confiança, se mostrava atencioso e, com o tempo, introduzia práticas de sadomasoquismo. Em seguida, desenvolvia uma narrativa fantasiosa sobre ter uma filha com a mulher. Quando essa ideia era aceita, ele passava a demonstrar interesse pela filha real da companheira, iniciando os abusos.
“Essa dinâmica, segundo os levantamentos, teria levado as vítimas à prática de atos que configuram verdadeira situação de escravidão sexual. Os indícios ainda apontam que o mesmo padrão de atuação se repete com diferentes vítimas, especialmente mulheres que possuem filhas”, declarou o delegado.
Nova vítima: mulher de 29 anos e filha de 8
Entre as vítimas recentemente identificadas está uma mulher de 29 anos, que, segundo o delegado, foi mantida como “escrava sexual” por Thiago. A filha dela, de apenas 8 anos, também foi estuprada.
Durante o curso dessa relação abusiva, o vereador produziu conteúdos íntimos com a mulher, mantendo-a sob coação psicológica. Mesmo após o fim da relação, segundo as investigações, ele teria forçado a vítima a manter relações sexuais mediante violência, em seu consultório localizado no PSF Mutirão, em Canarana.
Essa é a segunda vítima identificada. A primeira foi uma adolescente de 15 anos. Já o caso que deu início à investigação envolveu uma criança de 2 anos, cujo pai registrou o boletim de ocorrência que desencadeou a operação.
Prisão em flagrante e materiais apreendidos
A prisão aconteceu no sábado, 31 de maio, após cumprimento de mandados de busca e apreensão em sua residência e consultórios. Foram encontrados arquivos digitais com imagens de abuso sexual infantil, roupas infantis femininas e brinquedos sexuais. Parte do material foi produzido e compartilhado pelo próprio Thiago, conforme apontam os peritos.
As investigações confirmam que Thiago utilizava sua posição de poder — tanto como médico quanto como político — para exercer domínio sobre as vítimas, muitas das quais tinham dificuldades emocionais ou financeiras.
Quem é Thiago Bitencourt
Thiago Bitencourt é formado em medicina desde 2009 por uma instituição privada de Cuiabá, mas não possui especialização registrada no Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT). Atuava como clínico geral na rede pública de saúde de Canarana, em uma Unidade de Saúde da Família (USF).
Foi eleito vereador em 2024 pelo Partido Liberal (PL), com discurso alinhado a pautas conservadoras. Declarou patrimônio de R$ 933 mil, mora sozinho e não tem filhos. O salário como médico ultrapassava R$ 25 mil por mês, e o vencimento como vereador não consta no Portal da Transparência da Câmara Municipal.
Afastamento e reação institucional
Diante da repercussão do caso, o Partido Liberal anunciou o afastamento imediato e posterior expulsão de Thiago Barbosa. Em nota, afirmou que repudia “veementemente as acusações e crimes atribuídos ao agora ex-filiado”.
A Câmara Municipal de Canarana também suspendeu as atividades legislativas do vereador e aguarda o fim das investigações para avaliar medidas mais drásticas, como a cassação do mandato.
Já o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) instaurou sindicância e estuda abrir processo ético-disciplinar, o que pode resultar na cassação do registro profissional de Thiago.
Repercussão e apoio às vítimas
O caso chocou Canarana e teve ampla repercussão estadual. Moradores se mobilizaram nas redes sociais e em protestos, cobrando justiça e proteção às vítimas. Entidades de proteção à infância e direitos humanos também se manifestaram.
O Ministério Público Estadual acompanha o inquérito e pode pedir a conversão da prisão em flagrante para preventiva. O Conselho Tutelar já acompanha as vítimas e disponibilizou atendimento psicológico, especialmente para os menores.
A Polícia Civil segue analisando os materiais apreendidos e não descarta o surgimento de novas vítimas ou a existência de cúmplices.
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Fonte Jornal Rondônia
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