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Incêndio atinge Parque Guajará-Mirim há um mês e já destruiu área de quase 50 mil campos de futebol

Data de Publicação: 22 de agosto de 2024 10:21:00 O Parque Guajará-Mirim tem mais de 200 mil hectares e é responsabilidade do governo de Rondônia, por se tratar de uma unidade de conservação estadual.

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O Parque Guajará-Mirim, uma das maiores unidades de conservação de Rondônia, está em chamas há mais de um mês. Dados do Painel do Fogo apontam que os incêndios já atingiram uma área de quase 50 mil campos de futebol, equivalente a aproximadamente 22% de toda a área do parque.

O caso é investigado pela Polícia Ambiental, mas a principal suspeita é que se trata de ação criminosa. Garrafas de combustíveis foram encontradas pelos agentes próximas aos focos de incêndio, além de “armadilhas” espalhadas pelo parque.

O Parque Guajará-Mirim tem mais de 200 mil hectares e é responsabilidade do governo de Rondônia, por se tratar de uma unidade de conservação estadual.

De acordo com o Painel do Fogo, existem cerca de 12 pontos onde os focos de incêndio estão concentrados. Agentes do Ibama atuam no combate às chamas há mais de um mês e apontam como dificuldade o baixo efetivo e falta de apoio aéreo.

Focos de incêndio no Parque Guajará-Mirim — Foto: Painel do Fogo

Focos de incêndio no Parque Guajará-Mirim — Foto: Painel do Fogo

“A gente está com um efetivo pequeno, com poucas pessoas para trabalhar porque a queimada no Brasil inteiro está grande. Nossa equipe dá o sangue e faz o seu melhor para poder combater as chamas”, aponta Luiz Machado, agente do PrevFogo.

O Prevfogo informou ao g1 que foi acionado para combate ao incêndio no dia 12 de julho, mas que o incêndio foi identificado dia 11. Seis dias depois, no dia 18 de julho, uma equipe se deslocou para atuar no local.

De acordo com o agente, chegar até as áreas com fogo é um desafio porque existem muitos empecilhos pelo caminho, como árvores derrubadas. Além disso, alguns focos ficam situados em áreas isoladas da floresta, onde não é possível chegar por meio terrestre.

“Seria muito bom apoio aéreo tanto para deslocar como no combate para jogar água. Nós temos espaço para montar uma piscina, temos um igarapé para poder mandar água”, aponta.

Brigadistas atuando no Parque Estadual Guajará-Mirim — Foto: Prevfogo/Divulgação

Brigadistas atuando no Parque Estadual Guajará-Mirim — Foto: Prevfogo/Divulgação

O governo de Rondônia aponta que, até a última semana, haviam 16 profissionais do corpo de bombeiros à frente do incêndio, mais 10 servidores apoiando de uma maneira direta, além de 12 servidores do PrevFogo (Ibama) trabalhando.

Documentos que o g1 teve acesso mostram que até a segunda-feira (19), existiam o total de 33 pessoas atuando no combate às chamas, divididos da seguinte forma:

 

  • Ibama: 10
  • Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sedam): 7
  • Batalhão de Polícia Ambiental: 8
  • Bombeiro Militar: 6

 

Todos os recursos que os agentes possuem para combate ao fogo são terrestres, entre motocicletas, veículos e máquinas.

Sobre o apoio aéreo, a Sedam informou ao g1 que “fez tratativas” para que o Núcleo de Operações Aéreas (NOA), da Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec) fosse enviado ao local, mas que “devido ao mau tempo, a trafegabilidade que não é possível ter uma visão perfeita, o pessoal do NOA não pode estar atendendo” o pedido.

 

Incêndio criminoso

 

Garrafas de combustíveis foram encontradas pelos agentes próximas aos focos de incêndio, além de “armadilhas” espalhadas pelo parque, apontando que os incêndios são criminosos. “Pegadas" encontradas nas áreas próximas também indicam a presença de terceiros no local.

Garrafa encontrada próximo aos focos de incêndio no Parque Guajará-Mirim — Foto: Divulgação

Garrafa encontrada próximo aos focos de incêndio no Parque Guajará-Mirim — Foto: Divulgação

Segundo o promotor de justiça do Ministério Público de Rondônia (MP-RO), Pablo Hernandez Viscardi, esses indícios apontam para uma suspeita de que os incêndios causados no Parque foram causados como retaliações às fiscalizações ambientais, sobretudo àquelas realizadas na Operação Mapinguari.

Os agentes de fiscalização e brigadistas que se deslocaram até o Parque para combater as chamas enfrentam obstáculos pelo caminho: árvores derrubadas, pedaços de madeiras com pregos supostamente para furar pneus de veículos, além de outras “armadilhas”.

Por que as chamas continuam?

 

De acordo com César Guimarães, superintendente do Ibama, um dos principais problemas no combate às chamas dentro do Parque Guajará-Mirim é a reignição: a reativação de incêndio já combatido e extinto.

“Além de fazer o combate das chamas nós temos o rescaldo e se ele não é feito da forma adequada você tem uma reignição desse material. A reignição dos focos que praticamente dobrou a área queimada e, obviamente, um material muito mais denso gera uma quantidade muito grande de fumaça que está se acumulando do centro urbano”, explica.

Porto Velho segue encoberta por fumaças há semanas e registrando diariamente os piores índices de qualidade do ar do Brasil. Um dos principais poluentes do ar na capital de Rondônia é o PM2,5, uma partícula inalável ultrafina que é mais difícil de ser eliminada no organismo. Essa partícula é resultante, sobretudo, de fumaça de incêndios ou da queima de combustíveis fósseis.

Guimarães aponta que uma das principais preocupações dos órgãos ambientais é que o estado de Rondônia ainda não chegou no mês em que historicamente ocorrem as maiores quantidades de queimadas: setembro.

“Historicamente o mês em que o número de focos de calor acontecem é em setembro, que é quando está se preparando a terra para fazer o plantio. Nós estamos na primeira quinzena de agosto e nós já queimamos praticamente o que foi queimado o ano passado inteiro”, comenta.

Em meio a um período de seca extrema, Rondônia bateu recordes de focos de queimadas: o mês de julho foi o pior em quase duas décadas, segundo dados do Programa de BDQueimadas.

 

Parque Guajará-Mirim

 

O Parque Estadual de Guajará-Mirim é uma unidade de proteção integral, com aproximadamente 220 mil hectares, localizada na zona rural de Nova Mamoré. A UC foi criada há mais de 30 anos, através do Decreto Nº 4.575, de 23 de março de 1990.

Ao longo dos anos, a região vem sofrendo devastação em decorrência da permanência de invasores no local. Os crimes mais recorrentes são extração ilegal de madeira, desmatamento, incêndio, pastagem, caça e pesca ilegal e grilagem de terras.

Para entender a importância de preservação do Parque, cabe ter conhecimento que dentro da unidade existem diversas espécies, seja da flora ou da fauna, que são ameaçadas de extinção, quase ameaçadas ou vulneráveis.

Fonte G1

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